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Tarifas de Trump: causas e efeitos

Prezados amigos e ouvintes da Rádio Cultura,

Vivemos tempos de angústia diante dos fatos e atitudes vindas da América do Norte.
Desculpem-me a ousadia, mas permitam-me refletir e opinar sobre o momento que vivemos.
Corrijam-me em parte ou no todo, se forem absurdas minhas colocações e pensamentos.
Dada a polarização e paixão, são poucas as pessoas com quem se consegue fazer uma análise sem viés político.
Tenho assistido e ouvido muitas análises acerca do tema, algumas lúcidas, técnicas e sensatas. Outras movidas por paixões e sectarismos, tão em voga no mundo polarizado da atualidade.
Claro que o que imagina é tenciona Donald Trump com suas medidas e tarifas jogadas ao léu, sem critério técnico e analítico, estariam os EUA construindo o cenário dos sonhos:
1. Autossuficiência ;
2. Independência das cadeias globais de produção;
3. Manutenção eterna do Dólar como moeda de troca e reserva no mundo, sem o fantasma que assombra Trump da desdolarizacão global (vide medo de os BRICS utilizarem suas moedas nas transações comerciais entre si) já sentida na desvalorização – lenta, é verdade- verificada perante todas as principais moedas do mundo.
Porém, o tempo, o senhor de tudo, conspira contra o sonho desse senhor.
Quanto dele – do tempo – levaria pra trazer de volta as empresas americanas que foram produzir fora, notadamente na Ásia, para aproveitar sua mão de obra barata ?
Quanto custaria isso?
Quanto tempo levaria para os Estados Unidos conseguirem plantar pomares para se ver livre da dependência brasileira, por exemplo, no fornecimento de 70% do suco de laranja que produzem ?
Para extrair e beneficiar o cobre que abastece sua indústria de tecnologia, automobilística, construção civil, entre muitas?
Dos 2 milhões de toneladas do cobre que consumem 1,1 milhão vem do Chile, Canadá e México, principalmente, e que foram agora taxados a em 50%?
Quem arcará com isso? O produtor estrangeiro ou o consumidor americano, até que o país consiga produzir o que excede hoje?
E, mesmo que Trump consiga uma varinha mágica e traga de volta todas as empresas americanas ao redor do mundo num piscar de olhos e consiga produzir tudo o que importam, onde estará a mão de obra barata e em número suficiente ?
Os EUA trabalharam por décadas para tornar o mundo seu garçom.
Foi e é servido por uma mão de obra barata e pela abundância de comodities e clima em várias partes do mundo.
Não será numa virada de chave que se mudará esse cenário.
Teve que o dragão chinês crescesse em 3 décadas o suficiente pra fazer chegar desse lado do Atlântico Norte um pouco do calor do fogo que lhe sai pelas ventas para que se desse conta de que terceirizaram demais; aceitaram demais o conforto de usufruir e não produzir o suficiente e em preço baixo.
Realmente minha capacidade cognitiva não consegue enxergar a lógica disso tudo.
Não enxergo como os EUA conseguirão refazer seu PNB simplesmente acabando de uma hora pra outra com o comércio multilateral.
É difícil encontrarmos hoje análises sóbrias, desapaixonadas , lúcidas e baseadas em fatos e não em paixões.
Nos resta pagar pra ver, literalmente, o que virá.

Jeter Reinert Sobrinho




17/07/2025 – Cultura FM

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