Uma nova análise do Banco Central revelou que beneficiários do Bolsa Família destinaram cerca de R$ 3 bilhões em apostas eletrônicas, popularmente conhecidas por bets, via Pix apenas no mês de agosto. O levantamento destacou que cerca de 5 milhões de beneficiários, dos aproximadamente 20 milhões que recebem o auxílio, participaram dessas apostas. O gasto médio por apostador foi de R$ 100, com 70% do montante total enviado por chefes de família.
A investigação do Banco Central abrangeu apenas as transações realizadas por meio do Pix, sem considerar outros métodos de pagamento, como cartões de crédito e transferências eletrônicas. O volume total de apostas no Brasil, contabilizando todos os meios, chegou a R$ 20,8 bilhões em agosto, superando em mais de dez vezes a arrecadação das loterias da Caixa Econômica Federal, que foi de R$ 1,9 bilhão.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou preocupação com o aumento das apostas, especialmente entre a população de baixa renda, que pode impactar a qualidade do crédito e elevar a inadimplência. “A correlação entre pessoas que recebem Bolsa Família e o aumento das apostas tem sido bastante grande”, destacou.
Na semana passada, o Ministério da Fazenda anunciou a suspensão das plataformas de apostas que não solicitaram autorização para operar até 30 de setembro. O ministro Fernando Haddad classificou a situação como uma “pandemia de apostas on-line” e enfatizou a necessidade de regulamentação para tratar a dependência psicológica relacionada aos jogos como um problema a ser combatido pelo Estado. A proposta visa criar condições seguras para que as apostas sejam vistas como entretenimento, evitando possíveis consequências negativas para a sociedade.
Via Agência Brasil