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Pela primeira vez desde 1991, o Brasil testemunha uma mudança profunda no mapa da migração interna. De acordo com os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (28), o estado de Santa Catarina ultrapassou São Paulo e lidera agora o ranking nacional de saldo migratório, consolidando-se como o principal destino populacional do país.
O estado catarinense registrou um saldo positivo de 354.350 pessoas, com a maior taxa líquida de migração entre todos os estados brasileiros: 4,66%. A movimentação representa uma guinada inédita na dinâmica migratória nacional e reposiciona o Sul, pela primeira vez em décadas, como o polo mais atrativo para quem decide mudar de estado.
Desde o início dos anos 1990, São Paulo vinha mantendo a dianteira como destino de migrantes, alavancado por sua força econômica. No entanto, o Censo 2022 mostra o oposto: pela primeira vez, o estado mais populoso do país registrou saldo negativo (-89.578), enquanto o Rio de Janeiro perdeu ainda mais, 165 mil pessoas deixaram o estado nos últimos cinco anos.
A reversão não se restringe a Santa Catarina. A região Sul como um todo registrou o maior saldo migratório entre as grandes regiões brasileiras: 362 mil pessoas a mais do que em 2010, quando o número era de apenas 76 mil. O Centro-Oeste também manteve o ritmo de crescimento, com saldo positivo de 209 mil pessoas, enquanto o Sudeste e o Norte perderam população.
Entre os motivos que explicam a ascensão de Santa Catarina estão a qualidade de vida, níveis mais altos de segurança, melhores índices de educação e saúde, além de uma economia em expansão, baseada em polos industriais diversificados, turismo, agroindústria e tecnologia.
Cidades como Joinville, Blumenau, Itajaí e Chapecó têm atraído não apenas migrantes de estados vizinhos, mas também paulistas, cariocas e até nordestinos que buscam novas oportunidades longe dos grandes centros urbanos saturados. O fenômeno inclui tanto trabalhadores qualificados quanto famílias em busca de uma vida mais estável.
Os dados também mostram uma desaceleração da emigração nordestina, uma tendência que remonta ao início do século XX. Embora o saldo migratório da região ainda seja negativo, o número caiu de 700 mil para 249 mil. A Paraíba, inclusive, surpreendeu com um saldo positivo de 30.952 pessoas, algo inédito desde 1991.
Ainda assim, é o Sul que marca o ritmo do presente. Santa Catarina não apenas atrai, mas retém e integra. A transformação silenciosa dos últimos anos culmina agora em um dado oficial que confirma o que muitos já percebiam nas ruas, escolas, fábricas e bairros das cidades catarinenses: o estado se tornou símbolo de uma nova rota migratória.
Foto: Ilustração
Redação Cultura FM / Hudson Alves