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Na contramão da pressa digital, uma Kombi branca e estilizada avança devagar por ruas estreitas, ladeadas por morros e matas que contornam o interior de Blumenau. O ronco do motor anuncia que ela está chegando, e o que vem dentro não é entrega comum. São livros. Centenas deles. E com eles, uma proposta antiga, mas sempre atual: levar histórias, mundos e horizontes a quem está longe dos centros urbanos.
Entre os dias 23 e 26 de junho, a Biblioteca Ambulante, projeto de extensão da Biblioteca Municipal Dr. Fritz Müller, percorreu oito escolas da zona rural, atendendo cerca de 510 crianças com empréstimos, contação de histórias e atividades literárias. Foram mais de 430 livros emprestados em apenas quatro dias, mesmo sob chuva persistente e o frio típico do Vale do Itajaí nesta época do ano.
O projeto, criado em 1977, chega a 2025 com fôlego renovado. Já são 36 visitas realizadas apenas neste ano. E cada uma delas carrega mais do que papel e tinta: carrega cuidado, escuta e presença. “Pé na estrada e livros como companheiros, assim a Biblioteca Ambulante realiza as visitas tão esperadas nas escolas isoladas de nosso município. E como é sua marca registrada, leva na bagagem leitura e a magia das histórias para todos”, afirma Araci Cristina de Carvalho, gerente da Biblioteca Municipal.
Na prática, o que se vê é uma conexão imediata entre a literatura e a infância. Professores e estudantes aguardam com expectativa a chegada da Kombi, conduzida por Verena Pellis Kirsten, a responsável pelo projeto. Segundo Araci, a presença de Verena cria laços duradouros com as comunidades. “É uma troca genuína de livros, de saberes e de pertencimento”, pontua.
A iniciativa não apenas empresta livros, mas também aproxima as crianças do Museu da Família Colonial, que integra a programação como uma extensão cultural. A contação de histórias, muitas vezes inspiradas em narrativas locais ou em clássicos da literatura infantil, funciona como ponte entre o mundo real e o imaginário.
As visitas de junho contemplaram escolas como a EM Frederico Sievert, EIM Dr. Blumenau, EM Carlos Manske, EIM Capitão Euclides de Castro e EIM Willy Muller, entre outras unidades nas regiões da Itoupava, Fortaleza e Progresso. Em todas, o cenário se repete: olhos curiosos, mãos ansiosas por folhear e um sentimento quase silencioso de gratidão coletiva.
Num tempo em que o acesso à leitura ainda é um desafio em muitas regiões, a continuidade da Biblioteca Ambulante representa mais do que um projeto de extensão, é uma afirmação de que o serviço público pode (e deve) estar onde mais se precisa dele: longe dos holofotes, mas perto das pessoas.
Foto: Divulgação Prefeitura de Blumenau
Redação Cultura FM / Hudson Alves