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Mesmo com sinalização visível e regras bem estabelecidas, atravessar a rua em Blumenau continua sendo um risco. Entre janeiro e junho deste ano, a cidade registrou 32 atropelamentos em faixas de pedestres, segundo dados da Guarda Municipal de Trânsito (GMT). Em média, uma pessoa é atropelada a cada seis dias enquanto atravessa em locais teoricamente seguros.
Os números, obtidos pela imprensa local de Blumenau (AJ Notícias), revelam mais do que estatísticas de trânsito, expõem uma falha no comportamento coletivo nas vias urbanas e colocam em xeque a eficácia das medidas de segurança hoje existentes. Ao todo, 1.152 acidentes de trânsito foram registrados no município no primeiro semestre. Entre os atropelamentos em faixa, um resultou em morte.
A gravidade da situação levou a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) a iniciar um estudo técnico, em conjunto com a Secretaria de Planejamento Urbano (Seplan), para avaliar intervenções nos principais pontos de travessia da cidade.
De acordo com o secretário de Trânsito, Fábio Campos, os acidentes são reflexo direto da imprudência, tanto de motoristas quanto de pedestres. “Muitos acidentes acontecem por imprudência. Os locais são devidamente sinalizados e todos sabem como se portar numa faixa de pedestres. É preciso que as pessoas tenham mais atenção e respeito, sejam elas pedestres ou condutores. O trânsito é coletivo e todos têm o papel de respeitar os demais”, afirmou Campos.
A avaliação da SMTT aponta que a maioria das faixas onde ocorreram atropelamentos conta com sinalização horizontal e vertical. No entanto, em horários de pico ou em vias de maior fluxo, a combinação entre velocidade, distração e impaciência continua sendo determinante para o desrespeito às travessias.
A Prefeitura informou que está analisando projetos de reforço na sinalização, com possibilidade de implantar iluminação específica em faixas críticas, pintura em material refletivo e, em alguns casos, elevação das faixas para forçar a redução de velocidade. Outras medidas incluem campanhas educativas e ações integradas de fiscalização.
O estudo técnico em curso também pretende identificar padrões de risco por região, considerando horários, volume de tráfego e perfil dos acidentes, um passo considerado fundamental para alocar recursos com precisão.
A situação de Blumenau não é isolada. Em todo o país, atropelamentos em faixas continuam ocorrendo apesar das normas de prioridade ao pedestre. Especialistas em mobilidade urbana alertam que a impunidade e a cultura da pressa ainda predominam no comportamento de parte significativa dos motoristas.
Além disso, há críticas à falta de manutenção em algumas faixas, à ausência de fiscalização constante e à pouca visibilidade noturna em cruzamentos urbanos. Para os urbanistas, garantir travessias seguras exige um tripé: engenharia eficiente, educação continuada e fiscalização efetiva.
Em Blumenau, o desafio agora é traduzir os dados em ações concretas, antes que a próxima estatística seja uma nova tragédia.
Foto: Ilustração
Redação Cultura FM / Hudson Alves