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O anúncio soou como ficção científica, mas veio acompanhado de números, cronograma e até preço de mercado. A Kaiwa Technology, empresa sediada em Guangzhou, revelou nesta semana, durante a Conferência Mundial de Robótica, que está desenvolvendo um robô humanoide equipado com útero artificial, capaz, segundo seus criadores, de gerar e dar à luz um bebê.
O projeto, orçado em 100 mil yuans (cerca de R$ 75 mil), propõe uma ruptura sem precedentes no campo da reprodução assistida. A promessa é clara: oferecer alternativa a famílias com infertilidade ou condições genéticas, ao mesmo tempo em que levanta questões éticas e filosóficas de alcance global.
O idealizador é Zhang Qifeng, fundador da Kaiwa e pesquisador ligado à Universidade Tecnológica de Nanyang. Ele sustenta que a tecnologia de úteros artificiais já alcançou maturidade em laboratório. O desafio agora seria integrá-la a uma estrutura humanoide, capaz de interagir com pessoas durante a gestação, um passo que, segundo Zhang, tornaria o processo menos impessoal e mais próximo da experiência biológica.
As autoridades da província de Guangdong já iniciaram conversas regulatórias. Estão sobre a mesa temas que vão do enquadramento jurídico ao impacto religioso e social de uma gestação fora do corpo humano. Debates legislativos preliminares buscam definir limites e responsabilidades em caso de falhas, além de discutir direitos da criança gerada artificialmente.
O cronograma apresentado é igualmente ambicioso. A empresa promete concluir o primeiro protótipo funcional ainda em 2025 e prevê lançamento comercial no ano seguinte. Caso se confirme, o produto poderá inaugurar um mercado inédito de tecnologia reprodutiva, com potencial para remodelar tanto a medicina quanto a estrutura familiar.
Entre entusiasmo e receio, a revelação em Pequim deixou uma marca clara: a ciência não está apenas questionando os limites da biologia. Está, pela primeira vez, propondo substituí-la.
Foto: Ilustração
Redação Cultura FM / Hudson Alves