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Últimas ararinhas-azuis na natureza testam positivo para vírus letal sem cura

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou, na quarta-feira (26), uma notícia preocupante para a conservação ambiental: 11 ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) que estavam soltas na natureza testaram positivo para circovírus, um vírus letal e sem cura para as aves.

Diante da gravidade da situação, o ICMBio aplicou uma multa de R$ 1,8 milhão à BlueSky, empresa responsável pelo gerenciamento do criadouro em Curaçá, na Bahia, que abriga atualmente 103 aves. A punição ocorre após investigações apontarem que protocolos essenciais de biossegurança não estavam sendo seguidos.

Vistorias realizadas pelo ICMBio, em parceria com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) e a Polícia Federal, revelaram um cenário de negligência. Os comedouros destinados às aves de vida livre estavam “extremamente sujos”, com acúmulo de fezes ressecadas.

Além da sujeira, a desinfecção diária das instalações e utensílios não era realizada corretamente. A equipe também flagrou funcionários manejando os animais vestindo chinelos, bermudas e camisetas, o que viola as normas de segurança sanitária.

Se as medidas de biossegurança tivessem sido atendidas com o rigor necessário e implementadas da forma correta, talvez a gente não tivesse saído de apenas um animal positivo para 11 indivíduos positivos”, afirmou Cláudia Sacramento, coordenadora de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio.

O que é o Circovírus

O vírus detectado é o causador da “doença do bico e das penas” em psitacídeos (grupo que inclui araras e papagaios). A doença é grave, não possui cura e leva a ave à morte na maioria dos casos.

Os principais sintomas incluem:

  • Alteração na coloração das penas;

  • Falhas no empenamento;

  • Deformidades no bico.

O vírus, oriundo da Austrália, não infecta humanos nem aves de produção (como galinhas), mas representa um risco devastador para populações de aves silvestres ameaçadas.

Futuro do projeto de reintrodução

As ararinhas-azuis foram reintroduzidas na natureza em 2022, em Curaçá, após a espécie ter sido considerada extinta em ambiente selvagem no ano 2000. O primeiro caso do vírus foi detectado em maio deste ano, e as aves suspeitas foram recapturadas no início de novembro.

Agora, investigações tentam descobrir a origem da contaminação. As aves serão separadas entre testadas positivas e negativas para tentar conter o surto e garantir que as novas medidas de biossegurança sejam rigorosamente aplicadas.

Redação Cultura FM | Julian Vilvert

Foto: Camile Lugarini




27/11/2025 – Cultura FM

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